Quando o pastor demonstra incapacidade para exercer autoridade e agir com justiça
As expressões “Ponciopilatismo” ou “Síndrome de Pilatos” são derivadas do ato de lavar as mãos, feito por Pôncio Pilatos, durante o julgamento de Jesus, conforme relata o texto bíblico em João 18: 28-40. Esse comportamento tornou-se conhecido por implicar na falsa ideia de que a aparente neutralidade exclui a consequência decorrente da abstenção do exercício da competência e autoridade, em julgar um acusado ou uma causa. Ao se recusar a tal prerrogativa, Pilatos despreza sua competência e transfere sua responsabilidade a um grupo de pessoas que, sem respeito aos comezinhos princípios gerais de direito (Direito de Defesa, Contraditório e Julgamento por autoridade competente), já havia acusado, condenado e histericamente resolvido executar a decisão imediatamente.
Pôncio Pilatos, cujo nome completo em latim é Marcus Pontius Pilatus era o governador romano que exercia seu mandato na Judeia (26-36 EC), sob o imperador Tibério. Era dele a responsabilidade por presidir o julgamento ao qual Jesus foi levado após ser traído por Judas e preso pelos religiosos. Estes, para serem tidos como “justos”, levaram Jesus àquele que tinha a incumbência de fazer cumprir a lei – e, consequentemente, a justiça. Caberia, sem sombra de dúvidas, a Pôncio Pilatos realizar um julgamento justo, segundo os princípios do direito romano. Sua declaração de que não via crime nas práticas de Jesus não se ajustou à sua atitude de relegar a terceiros o papel de julgador. Por medo, covardia, insensibilidade ou mesmo fraqueza – situações inconcebíveis a um líder – aquele governador preferiu acatar ordens para a condenação, prisão e crucificação de Cristo, emitidas por quem não tinha capacidade nem condições legítimas para tanto. Haja vista os comportamentos exibidos em frente àquele tribunal. Ainda que pessoalmente aquela não fosse sua vontade, Pilatos cedeu, atendendo ao clamor da plateia, formada pelo povo judeu e pelos religiosos que vociferavam diante dele. Aquele momento, que deveria ser de justiça, não passou de revanchismo e retaliação.
Analisaremos como a atitude do governador romano, denominada “Síndrome de Pilatos” ou o “Ponciopilatismo”, tornou-se um modelo de conduta verificado em todos os ambientes sociais, inclusive no eclesiástico, alvo primeiro deste artigo. Assim, refletiremos sobre alguns pontos e quais as consequências desse comportamento na igreja.
1) Isentar-se das responsabilidades pertinentes:
Pelo que vimos, podemos dizer que o “ponciopilatismo” é o ato que alguém realiza ao manifestar-se neutro em relação à decisão que lhe compete tomar em razão da autoridade para a qual se acha investido legalmente e da competência para o exercício de julgar. Essa atitude “irresponsável” faz o indivíduo incorrer em um gravíssimo erro, muitas vezes, crucial por ser capaz de interferir, de forma definitiva, no destino do outro. Pilatos precisava decidir a causa que estava diante de si com justiça, em obediência às regras estabelecidas para tanto. Mas isso pareceu ser algo difícil ao governador da Judeia pressionado pela multidão.
Os portadores da Síndrome de Pilatos, esses “Lava Mãos”, com suas omissões e fugas da responsabilidade, cometem diversos erros, mas o pior deles é se isentar de responsabilidade, o que traz como consequência a injustiça. No entanto, eles acreditam estar isentos de qualquer erro ou culpa do resultado do julgamento que, afinal, será feito por outros. Foi o que declarou Pilatos com sua atitude: ‘O problema não é meu, é de vocês!’.
Quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, mas, pelo contrário, estava se iniciando um tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: “Estou inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês”. (Mateus 27: 24 – Versão NVI – Grifos meus)
Querendo ou não, o problema (a decisão) era de Pilatos, afinal de contas, ele era a autoridade, o governador, o único com poder legal para comandar e julgar aquele caso. Mesmo que sua intenção fosse a de ser neutro, ele não poderia agir com neutralidade. Ele teria de tomar um lado. Ou o de Jesus, o Inocente; ou o da multidão, claramente perturbada e agressiva. Se Pilatos exercesse a justiça, teria decidido a favor de Jesus. Se obedecesse às leis romanas, teria decidido a favor de Jesus. Se tivesse o temor de Deus, teria decidido a favor de Jesus. Mas as pressões o fizeram abandonar qualquer argumento plausível em favor de Cristo para ceder ao que lhe era exigido pelo povo enfurecido: a crucificação do inculpado Filho de Deus. Com isso, Pilatos mostrou sua incapacidade de exercer autoridade, pelo menos naquele julgamento tão importante, o que acabou se tornando um termo utilizado até os nossos dias, o “ponciopilatismo”.
Essa expressão pode – e deve – ser usada em referência àqueles que no exercício regular de autoridade e competência, demonstram incapacidade para aconselhar, julgar, interferir e resolver determinada questão, pois mesmo reunindo para tanto, não o fazem. Essa pessoa se exime circunstancialmente da responsabilidade que cabe exclusivamente a ela, colocando-a nas mãos de outrem, terceirizando uma responsabilidade exclusivamente dela. Foi esse o ato negligente de Pilatos, que desistiu de exercer seu múnus, seu dever obrigatório como autoridade governamental constituída. Assim, pelo mero desejo demagógico de fazer média, cedeu à voz a um grupo de pessoas, cujo único desejo era o de vingança; e, ainda, cedeu às vozes dos religiosos desalmados, provocadas pela inveja e pelo inconformismo em não conseguirem ser líderes tão brilhantes quanto Jesus era.
Será que a atitude de Pilatos continua em vigor em nossos dias? Será que algumas autoridades constituídas estão se isentando das responsabilidades que lhes cabem em função de apelos fanáticos de religiosos, invejosos, egoístas, equivocados, desumanos, por estarem mancomunadas com esse tipo de gente insensata?
A realidade nos responde que sim! Os Ponciopilatistas querem, de forma consciente ou não, isentarem-se do peso da culpa pelo que lhes sobrevirá como consequência de sua “parcialidade”. Por isso, lavam as suas mãos perante a opinião pública (da sociedade, da família, da igreja) como sinal de que não têm culpa pelo que acontecerá! A atitude de lavar as mãos exibe um relativismo sobre decisões concretas que podem, muitas vezes, custar, literalmente, a vida, a liberdade ou o futuro de alguém. Ou até mesmo da instituição que será afetada por esse comportamento desacertado e covarde.
Ao se eximir de julgar Jesus com justiça, Pilatos deixou a decisão para aquela população enfurecida, barulhenta, com sede de sangue, que desprezava a justiça. Sua única vontade era ver o martírio de Jesus ao ser crucificado, sentença capital imputada aos piores criminosos. Enquanto “aguardava a definição” quanto ao seu futuro, o Filho de Deus já sabia que estava prestes a ser condenado como malfeitor ordinário, um criminoso capaz de praticar os piores delitos. Mesmo Pilatos tendo lavado as suas mãos, elas ficaram marcadas de Sangue! A água não teve o poder de limpá-las; ao contrário do Sangue do Inocente que as limpou, limpa e limpará todo aquele que precisa de Sua Misericórdia e Perdão! (Daniel 9: 9).
Quando Pilatos, a autoridade responsável pelo julgamento de Jesus eximiu-se de tomar à atitude que estava em suas mãos, ele as lavou. O ato que marcou aquela ação (ou inação) será para mostrar que ele (o governador) nada tinha a ver com o que seria decidido pelo povo e pelos religiosos. Assim, Pilatos tornou-se o canal de uma injustiça brutal aos olhos naturais, que só não fora pior, devido ao cumprimento das profecias que anunciaram que Cristo deveria ser entregue à sanha dos homens para ser crucificado pelos pecados da humanidade (Atos 13: 27,28). O que aconteceu. Felizmente!
2) Tratar como igual o que é diferente
O Princípio Constitucional da Igualdade aplicado à liderança pastoral antagoniza com as atitudes dos líderes que se entregam à Síndrome de Pilatos. A aplicação da justiça – dentre muitos aspectos – também se refere a tratar de modo igual os iguais e de modo diferente os diferentes. Aqueles que sofrem da Síndrome de Pilatos não levam isso em conta. Eles colocam os criminosos no mesmo patamar dos inocentes.
Na Parábola dos Talentos encontramos um exemplo de justiça na distribuição dos talentos que foi dado a cada um, segundo a sua capacidade de granjeio, assim, quem recebeu cinco, granjeou mais cinco, o que recebeu dois, conseguiu dois outros talentos, porém, o que recebeu um talento e não se empenhou, foi revelada uma decisão dura, porém justa (Mateus 25: 26-30), ou seja, o talento desse último foi retirado e dado para quem possuía maior capacidade, e o negligente servo fora lançado nas trevas exteriores. Os que agiram com determinação contaram com o reconhecimento do dono dos talentos. Aquele que agiu com displicência e enterrou o talento recebeu uma sentença diferenciada.
Na vida ministerial, mesmo ostentando o mesmo título, os indivíduos possuem capacidades diferenciadas, pontos fortes e fracos que os diferenciam, assim, uma decisão que contempla menor concessão a um do que a outro, se tomada com base da capacidade de cada um, jamais será considerada injusta. Há pastores cuja capacidade é liderar 50 ovelhas, outros 100, ainda outros 500 ou 1.000. Se forem confiadas mil ovelhas a um pastor cuja sua capacidade seja liderar apenas 50 ovelhas, logo 950 delas se dispersarão. Não se pode dar cinco talentos a quem só consegue administrar apenas um.
Para os Ponciopilatistas, Jesus e Barrabás são iguais! E aqui nem diz respeito aos crimes serem mais ou menos graves. No caso de Jesus, nem crime houve.
No julgamento injusto presidido pelo governador romano, Jesus, um homem declaradamente “Justo” (1João 2: 1), diferente de qualquer criminoso, foi colocado na vala comum, sendo tratado como mais um, um ser igual. Pôncio Pilatos poderia tê-lo inocentado, evitando a execução de uma pena injusta, mas não o fez. Quando lavou suas mãos, ignorou uma condição básica legal: a de fazer justiça.
O próprio contexto daquele julgamento mostrava o erro de tratamento dispensado por Pilatos a Jesus, um inocente condenado, e Barrabás, um criminoso beneficiado pela pressão popular. O que aconteceu ali, por si só deveria servir para desmistificar o inverossímil adágio popular, de que “a voz do povo é a voz de Deus”. Pilatos não ouviu a voz de Deus. Foram os gritos insanos do povo que ele escutou, e acatou. Quando um líder ouve a voz de Deus ele manifesta prudência, sensatez e justiça. Tudo o que Pilatos não fez. Mesmo ele não tendo obrigação de ouvir a voz divina, por ser um ímpio, ele tinha obrigação de praticar a justiça, por sua posição de autoridade e por tão cara aos romanos. O Direito Romano, um conjunto de princípios, preceitos e leis utilizados na Antiguidade pela sociedade de Roma e seus domínios – foi instituído muito antes do julgamento de Jesus. A aplicação do Direito Romano vinha desde a fundação da cidade de Roma em 753 a. C. Portanto, Pilatos deveria ter em mente que a justiça teria de ser feita em obediência a princípios estabelecidos pela sociedade da qual ele fazia parte e que era por ele representada – como autoridade executiva (governador) e judiciária (julgador). Mas a pressão popular o fez se esquecer dessa relevante questão. Nesse sentido, Pilatos errou feio e duplamente: quando cedeu à pressão do povo e quando desprezou as leis e a justiça, motivo de orgulho para os romanos.
Diferentemente de Pilatos, o líder eclesiástico tem a obrigação de ouvir Deus – antes, durante e após qualquer decisão que precise tomar. E, se for prudente, deve confirmar que ouviu a Deus de fato! Quando ele não ouve a Deus, incorre no erro de autossuficiência, de independência e até de arrogância, dado que se considera capaz de decidir sozinho. Procedendo assim, demonstra serem desnecessários os conselhos divinos em seus julgamentos. Deus não trata como igual ao que é diferente. Na sentença contra Adão, Eva e a serpente, Deus determinou penalidades distintas para cada um, conforme suas responsabilidades. Por quê? Para fazer justiça! Assim sendo, temos uma referência divina para usarmos quando estivermos diante de decisões a serem tomadas: tratar a iguais como iguais e a diferentes como diferentes.
3) Ceder a pressões populares agrada à multidão, mas desagrada a Deus
Toda a comoção popular que se manifestou à frente de Pilatos – a notoriedade e interesse por aquele julgamento – acendeu uma luz em sua mente. Aquele que estava em sua frente, cujo destino estaria em suas mãos, era alguém muito importante! Pilatos logo notou que a turba em frente ao tribunal queria ver Jesus morto, envergonhado, humilhado. Isso ficou claro ao ouvir os urros imperativos de “crucifica-o!” Havia neles uma “ordem”, à qual o grande governador se dobrou para satisfazer àquela multidão (Marcos 15: 15), embora soubesse que seria um equívoco condenar Jesus à morte. Assim, Pilatos ficou entre duas decisões:
1) Se ele libertasse Jesus, isso poderia causar problemas com os líderes judeus e inquietação entre o povo. Então, por medo e insegurança, decidiu ceder às pressões em vez de usar o tempo que tinha para ouvir as acusações e as defesas, enfim, para decidir com base na justiça. Mas o que ele quis foi resolver logo, de imediato, aquele problema, por isso, “lavou suas mãos”, eximindo-se de culpa para atender às pressões. Esse é um dos piores erros dos “pastores lava mãos”. Eles cedem rapidamente às “exigências do povo”. Eles querem atender logo ao clamor daqueles que evocam o direito de decidir em lugar de quem, de fato, tem esse direito e a autoridade para fazê-lo. Os Pastores Ponciopilatistas querem se ver, rapidamente, livres de problemas e, ao mesmo tempo, agradar àqueles que fazem pressão para que a decisão do líder seja a que eles desejam e esperam. Ao se submeterem a tais coações, esses líderes cometem erros crassos, muitas vezes, irreversíveis. Trocam os papéis. Eles punem a quem não merece e absolvem aos que deveriam ser corrigidos.
2) Se condenasse Jesus, deixaria todos felizes. Atenderia a quem tinha o dever de governar e de mostrar justiça e autoridade. E essa foi à escolha de Pilatos, embora soubesse que estava cometendo erros. Quantos líderes não tomam a mesma decisão: ouvem queixas contra pessoas, muitas das quais movidas por inveja ou por vingança, sem sequer darem a oportunidade dessas vítimas se defenderem? Quantas fofocas, intrigas, mentiras (fake news religiosas que afetam a vida pessoal, ministerial, familiar, profissional de tanta gente) chegam aos ouvidos desses líderes, que condenam inocentes sem ao menos ouvirem seu lado, sua versão dos fatos? Se é que são fatos mesmo. É preciso se ter em conta de que o cometimento de injustiça é detestável a Deus: “Há duas injustiças que o Senhor abomina: que o inocente seja condenado e que o culpado seja colocado em plena liberdade como justo” (Provérbios 17: 15).
4) Deixar de fazer o que é correto, é abandonar a justiça
Os Pastores Ponciopilatistas deixam de fazer o que é certo por serem covardes, frouxos, omissos e insensíveis. Sem se importarem com as consequências advindas de suas atitudes equivocadas, ignoram o que isso poderá provocar, mostrando, ao mesmo tempo, que estão preocupadas com o que pensarão a seu respeito caso decidam da forma correta e com justiça. Os covardes estão preocupados em agradar ao povo, mas não se preocupam em agradar a Deus. Deixar de fazer o que é certo, como Pilatos fez ao condenar um justo e inocentar um culpado. Esse tipo de atitude pode ser motivo de prazer para aqueles que exigem de seus líderes decisões apenas para satisfazerem seus desejos pessoais. Mas é preciso saber que ela trará como uma das consequências o tormento por seu erro. A injustiça sempre cobra o seu preço. Mesmo Pilatos tendo se declarado sem culpa do sangue de Cristo, ele era sim responsável pela injustiça que seria cometida, já que sobre ele estava o poder de fazer o que era correto: inocentar um inocente. Julgar corretamente. Exercer justiça!
Aqueles que fazem concessões em seu ministério, deixando de fazer o que é certo, certamente pagarão por esses erros. A começar pelo fato de macular um ministério que não é propriedade sua, mas que foi concedido por Deus. Os líderes que não confrontam as pessoas em seus pecados, por medo de serem rejeitados ou criticados, deixam de exercer a autoridade – que a ele foi dada – capaz de corrigir rumos e definir destinos. Por pior que sejam os pecados, sempre haverá a possibilidade do perdão divino. Se o pastor prefere arriscar seu mandato espiritual, dado por um Deus santo, para agradar a homens pecadores, ele abandona a justiça divina e faz naufragar a fé daqueles que estão ao seu redor, esperando dele atitudes coerentes com tal mandato.
O ponciopilatismo nunca será um ato elogiável ou digno de ser copiado. Mesmo assim tem sido enormemente praticado em todos os âmbitos da sociedade. E no ambiente eclesiástico não é diferente – embora devesse ser. Aqueles que se valem da tal atitude encobrem verdades, simulam atender a causas justas, orgulham-se de “ouvir ao clamor do povo”. Porém, o que acontece de fato é que eles se acovardam perante a responsabilidade que têm de corresponder às funções outorgadas por Deus. Não assumir as reponsabilidades inerentes aos seus cargos e funções significa rejeitar Àquele que lhes chamou para isso! Seria exercer um mandato manco, pusilânime. O que Deus espera é lealdade ao chamado, obediência ao Seu comando, exercício de justiça, a qual, aliás, deve ser espelhada nas próprias ações de um Deus Justo. O líder eclesiástico, diferentemente dos demais, pode escolher não cometer injustiças, não ser afetado pela Síndrome de Pilatos. Para isso, basta que tenham em suas mãos, não água para lavá-las, mas as Escrituras nas quais se encontra toda a justiça, verdade, ensinamento e poder para cumprir o propósito dado por Deus. Precisando, é a elas que deve ele recorrer, como Jesus orientou em Mateus 22: 29: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”.
Alex de Mello Cardoso
Pastor, Jornalista e Escritor Premiado.
Presidente da AD em Parque Esplanada – Campo de Embu das Artes-SP.
Referências:
ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA. Pontius Pilate: governor of judaea. 2020. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Pontius-Pilate. Acesso em: 30 jan. 2021.
WAHL, Karen. Roman Law Timeline. 2021. Disponível em: https://law.gwu.libguides.com/romanlaw. Acesso em: 05 fev. 2021.
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